sexta-feira, 20 de julho de 2007

quinta-feira, 19 de julho de 2007

A SERPENTE


Sentimentos ao masculino

A voltear as pernas

trêmulas

O branco das faces

ingênuas

Tingido escarlate

E a serpente - ao redor.


Mácula.

Do sorriso torto - esplendor.


Rastro

Nas folhas secas do outono

Crepitar

De serpente a

serpentear

pelos pés nus da vergonha.


Dentes...

Comendo a carne dos crentes

Orgasmo da serpente

Satisfeita de pureza

De branco, branco

Tinto, tinto

Vinho vivo da morte

-eterna consorte

que jamais mente.


Sorver, sorver

Qual vampiro de almas

sorver

o branco tingido

já roxo de mácula.


Mágoa.

Os olhos reviram-se

em órbitas, em êxtase

A serpente passa

por entre as pernas

- e abocanha o ventre...

terça-feira, 17 de julho de 2007

O DRAGÃO VISITA URIAH HEEP


He was a wizard of a thousand years

We met one night, wandering

Telling me old tales, drinking my wine

Me and my wise man - we could feel fine

With his words of gold and eyes of fire

He made me feel, as he spoke, a deep desire.


Learning his alien language

Means I'll be the lady of his mountain home

Listening to his sweet words

Means I'll never be alone...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

TRODDEN WEED


A DOR

Os corpos enterrados no concreto: ele os sente pulsarem, ouve deles os gritos atordoados, suas gargantas cortadas o ferem.

Os corpos do concreto dizem verdades. Ele passa, eles se erguem da massa cinzenta: os braços azuis e ainda fortes a lhe conter os passos... as línguas mundanas a lhe lamberem as pernas.

Esquifes saídos do ensandecido solo não mais sagrado. Erguem-se corpos fétidos - tudo é mar de lama e sangue.

Dor... dor.

A terra imunda a chuva quer lavar. A luz jorra no breu lodoso da noite e o vento grita em seus cabelos:

- Dor! Dor!

(As dores do mundo)

- Aqui! Aqui!

(Lindo... lindo)

Da terra-lápide surge o cristo -

renascido.

sábado, 14 de julho de 2007

A VISITA


Desprendeu-se da ponta

de lua nua

e caiu sobre meu corpo

sedento de sangue

- espectro de sombras.


Curvou as garras no branco

Uivou de dor, no encanto

De me ter e saber

ser

só por enquanto...


[Leve-me para sempre, visitante].

quinta-feira, 12 de julho de 2007

VINHO


Um cálice de vinho, por favor...

Descendendo em minha traquéia seca, abrindo caminhos, fazendo a vida pulsar, novamente.

Vinho, por favor...

Para mim, seca criatura das trevas e 'to all my friends', como diria Bukowski...

Vinho quente, espantando as artérias rachadas do frio e trazendo de volta a exclamação aos lábios...

Tragam, meus amigos bruxos, e corram com suas vassouras as marcas da geada da noite...

Brindemos à Baco juntos, e permitamos nossos risos conquistarem essa aurora boreal de sentimentos difusos...

Que a noite traga o nosso poder, amigos, e algumas garrafas de Carmenere...

... e deixem que eu conte as estórias...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

A MORTE


... as variantes se cruzaram e o imenso painél natural da vida foi se abrindo e fiquei exposta aos raios de um entardecer vermelho.


... e, de repente, era como se o céu fosse demasiado pequeno para os gritos da minha garganta livre.


... e o grito moveu-se, rumo ao infinito... e, quando soltou-se junto às estrelas, todos os falsos sorridentes da terra voltaram o rosto para vê-las.

sábado, 28 de abril de 2007

SINGING IN THE RAIN

To do is to be. [Decartes]

To be is to do. [Leibniz]

Do-Be-Do-Be-Do... [Sinatra]

domingo, 22 de abril de 2007

A CAÇA

O cheiro do sangue mensal lhe inundou as narinas. O medo se instalou nos sentidos e despertou o 'sentir-se a caça'.
Alguns dos colaboradores podiam sentir-lhe o cheiro. Sabia. Revelavam isso nos olhares lustrosos e nas línguas escorregando para os cantos da boca.
A paciência que deveria vir com essas interpretações havia se esgotado... fraqueza ante a simples perspectiva de ser percebida.
Ódio de ser a caça... saber que, mais cedo ou mais tarde o inevitável viria.
E o rio da vida se libertava por entre suas pernas...
"Punição."

sábado, 21 de abril de 2007

CORPO É PRISÃO DE ALMA

Prisão e grilhão do espírito. Não é moradia e sim hospedagem. Não se deve negligenciá-lo como também não devemos servir a ele.
"Ridículo torna-se o homem que, com a idade de mais de sessenta anos vai ao médico" [Tibério]
"A morte, que tanto tememos e rechaçamos, interrompe a vida, não a arrebata". [Sêneca]
Um dia, os mistérios da natureza vão ser revelados. A noite, que te circunda, vai se dissipar. Uma luz pura vinda de todas as partes vai te inundar. Nenhuma sombra vai ferir essa pureza. Em todos os quadrantes do céu, o esplendor vai ser igual... Vais dizer então que viveste em trevas, quando vires essa luz completa... agora, percebes a luz pelas estreitíssimas vias dos olhos e de forma obscura... e, no entanto, já a admiras. O que te parecerá a luz verdadeira quando a enxergares em sua própria fonte?
Em busca da fonte, então...
[Palavras de algum estóico que, infelizmente, não sou eu!]

sexta-feira, 20 de abril de 2007

O QUE PASSA NA MENTE DO DRAGÃO

O cióptico sempre me incomodou. Via coisas que não queria e, quanto mais apertava os olhos, mais imagens loucas surgiam... teimosas à minha vontade.
O bafo do dragão sempre existiu, insistente do meu corpo. Tomou minha mente ainda bem cedo, guria insegura no colégio...
Os dois se juntaram [cióptico e dragão] em franco complô contra alguém que deveria e tinha toda a estrutura para ser habitante de um mundo normal... racional. Desde então, um mundo fantástico se formou a minha volta, visitado por noites com rastros de lua-louca... vampiros que entornam taças de vinho tinto e mordem brutais maçãs vermelhas na falta de pescoços macios.... poetas magros e loucos que passam e deixam palavras soltas, esperando tradução... luzes estelares distantes demais de qualquer aurora boreal para conseguir avistamento... gritos soltos que não possuem donos e que anseiam por possessão... tantas e tantas coisas vêm visitar o Dragão...
Deixe-se conhecer. Permita o Cióptico. O que há para se ver????