terça-feira, 22 de novembro de 2011

AINDA SOBRE OS DRAGÕES...

Baudelairiana ao extremo, vivo a identificar suas percepções no meu tempo. Recentemente (e, com certo embaraço digo 'recentemente') pude assistir a um não-lançamento de Johnny Depp, From Hell (Do inferno). É mais uma versão sobre Jack, the Ripper - obscura, nas vielas úmidas e extremamente clara, na pele das prostitutas assassinadas. O sangue faz o papel principal - tanto sobre o negro quanto sobre o pálido... bom, o fato é que Sir William Gull, personagem do maravilhoso Ian Holm, pergunta ao detetive-anti-heroi-ópio-absinto-adito: "Há quanto tempo cai nos braços do Dragão?". De novo, o Dragão, a psicodelia, o amorfinar, Baudelaire, os malditos... ah... essa trupe me persegue num mundo tecnologicamente insano que não mais permite divagações tão finisseculares... 
Não posso reclamar do Dragão... ele me fez o que sou, o que não sou, ele me deu medos, coragens, me mostrou o monstro dentro do armário e depois me disse: "Este sou eu, e tu também estás ali..."
Ele me faz gritar de horror, pedir abrigo sob rochas protetoras... mas também me faz sentir segura só vestida em minha própria pele. 
Preciso sempre encontrar o Dragão pra poder me encontrar também. Assim como o personagem de Johnny Depp encontra no ópio a porta que abre para a sua dualidade dolorosamente necessária, sua essência que não pode (sobremaneira) ser vista por outrem, mas não pode passar despercebida por ele mesmo... assim como ele, eu necessito desse doppelganger mitológico criado a minha imagem e semelhança...
Por isso trago o Dragão todos os dias comigo, marco meu corpo com ele pra que saiba que sempre vou dançar nossa música estranha... porque nunca, por coisa melhor que me transforme, nunca, jamais, vou negá-lo!

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